A estranheza dos dias

Convenhamos que os dias são coisas estranhas. Não é possível definir com rectidão se são eles que passam por nós ou nós que passamos por eles. Suponho que para passarmos por eles, deva fazer acções produtivas. Qualquer dia faço uma lista das acções proibidas à productividade. Aliás, sugestões são bem-vindas. Lembro-me de 4 assim sem mais nem menos: dormir, comer, ver televisão, fumar. Talvez a mais grave seja a última. Passar os dias a fumar em vez de dir às aulas faz com que claramente os dias passem por mim e não o inverso. Felizmente, sou uma pessoa muito calma. Excepto quando me exalto. Mas garanto-vos que a calma dá muito jeito. Excepto quando me induz em sentimentos de falta de sentido para as coisas. Como por exemplos os dias. Que são estranhos. Se pensarem bem no assunto, hão-de ver que esta coisa das horas é mesmo estranha. E ainda mais estranho é aquilo que fazemos para as ocupar. Somos criaturas estranhas que fazem coisas estranhas nos seus estranhos dias.